Instituto Cultural de Ponta Delgada

SOBRE O ICPD Notícias

A BIBLIOTECA PÚBLICA E ARQUIVO REGIONAL DE PONTA DELGADA E O INSTITUTO CULTURAL DE PONTA DELGADA ASSINALAM O BICENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE JOSÉ DO CANTO

Publicado a, 16 Dezembro de 2021

A Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada e o Instituto Cultural de Ponta Delgada assinalam o bicentenário do nascimento de José do Canto, com a publicação da obra A Biblioteca de José do Canto: o Homem ao espelho dos seus livros e manuscritos.

A edição conjunta, coordenada por Carlos Guilherme Riley, apresenta artigos de Isabel Soares de Albergaria, Leonor Sampaio da Silva, Madalena San-Bento, Maria do Céu Fraga, Pedro Pascoal de Melo e Pedro Maurício Borges que, no decurso das suas pesquisas já beneficiaram da prodigiosa fonte de informações e documentos desta biblioteca particular. Os demais artigos são da autoria de Catarina Pereira, Francisco Silveira, Iva Matos Cogumbreiro e Pedro Pacheco de Medeiros, bibliotecários e arquivistas da BPARPD, cujos contributos nos oferecem diferentes olhares sobre os bastidores deste património bibliográfico e arquivístico que constitui a biblioteca particular do homenageado à guarda desta Biblioteca e Arquivo.

José do Canto (1820-1898) é uma figura incontornável do oitocentismo micaelense. Filho do morgado José Caetano Dias do Canto Medeiros e de D. Margarida Isabel Botelho, marca uma geração de grande relevância para os Açores em conjunto com os seus irmãos Ernesto e Eugénio do Canto. Com cerca de dezoito anos partiu para França, para estudar no Colégio de Fontenay-aux-Roses e volvidos dois anos foi para Coimbra frequentar a licenciatura em matemática, nunca tendo completado o curso. Em 1842 casou com D. Maria Guilhermina Taveira Brum da Silveira, única herdeira de uma rica casa vincular com propriedades em São Miguel, Faial, Pico, S. Jorge e Terceira, tendo-se dedicado à administração dos seus bens.

Grande benemérito da sua ilha natal, foi presidente da Junta Geral do Distrito, foi um dos fundadores da Sociedade Promotora de Agricultura Micaelense e sábio amante de jardins e plantas, a quem se deve um movimento de criação e manutenção dos mais belos jardins da ilha de São Miguel. Grande impulsionador da cultura do ananás e do chá ao ar livre, foi também uma das figuras centrais para a construção da doca do porto de Ponta Delgada. O Asilo Maria Teresa, que fundou, viveu cerca de quarenta anos a suas expensas.

Ficou conhecido pela sua paixão pela obra camoniana, a qual estudou e colecionou as mais variadas edições. Também dedicou parte do seu tempo ao estudo e investigação de outros poetas do século XVI, tendo prestado grande apoio a António Feliciano de Castilho. Além de pequenos opúsculos de interesse local, escreveu as seguintes obras: Calendário Rústico, 1851; Centenário de Camões. Catálogo da coleção camoniana exposta na Biblioteca de Ponta Delgada, 1880; Coleção Camoniana, 1895; Tarde e noite de Maio (novela inédita) e muitos artigos de valor no Agricultor Micaelense, que fundou.  Faleceu a 10 de julho de 1898, sendo sepultado na igreja de Nossa Senhora das Vitórias, que fez edificar nas margens da Lagoa das Furnas.

A sua biblioteca particular, adquirida pela Junta Geral por escritura celebrada a 22 de maio de 1946, conta como uma das mais valiosas entre aquelas que formam o acervo documental da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, quer pela raridade das espécies bibliográficas, quer pela sua coleção camoniana, considerada a 2ª a nível nacional. Tem cerca de 18 000 títulos, com edições desde o século XV ao século XIX, contendo inúmeras temáticas. Destacamos o facto de conter 2 incunábulos e livros de Tipografia Portuguesa do século XVI, que podem ser considerados como um dos conjuntos de espécies bibliográficas de maior raridade, nomeadamente a 1ª edição de Os Lusíadas, datada de 1572. Possui ainda 606 títulos de publicações periódicas e mais de 1 500 cartas, pelas quais nos podemos aperceber do cuidado que tinha na administração das suas propriedades, assim como, o seu relacionamento com livreiros e alfarrabistas das principais capitais europeias. A sua biblioteca particular está disponível para consulta.

Retroceder
Fechar